terça-feira, 19 de maio de 2009

rasgue a alma e mostre os dentes

foge ou fica.
Peguei a faca e rasguei meu peito, deixei cair todas as gotas de sangue que foram necessárias pra contagem se arredondar nessa matemática absurda. Me perdi no meio dos números, no meio dos diversos mundos que saíram de dentro de mim, de cada minuto, em cada gota. Abre a janela d'alma. Algo que não agrada aos olhos, aperta o coração, as angústias e o medo do mundo agora tomou forma. Cabeça, tronco e membros, eu.
Alguém assopra minha nuca tentando me abençoar com um suspiro quente, ou me amaldiçoar com um hálito morto e gelado.
Agora não são mais gotas de sangue que descem de meu peito, são gotas geladas de um suor sem vida, um frio na espinha assombra a lógica do meu raciocínio.
O medo do mundo é maior, esse mundo que não conheço, abstrato. O cheiro de incenso me defumava.
Sentia vontade de vomitar, mas relutei. Minha fraqueza foi minha fé.
Queria parar, sentia que estava sendo amaldiçoada por deuses, depois fui abraçada por pessoas que não sabiam sequer meu nome. Tudo parecia vazio e fundo.
Ouvia um homem que não parava de espirrar e aquilo me incomodava, como se fosse vítima de seus espirros.. "estou assim, porque aquele homem está espirrando!"
Ganhava abraços, como se meus olhos pedissem por carinho. Era o medo.
Esticando o sentimento, me sentindo sugada ao perceber a vida sozinha, sem abraços, sem espirros e sem vomitos.
ainda hoje, sinto vontade de rasgar o peito novamente, abraçar o desconhecido, pra voltar a vida com brilho nos olhos, de novo.

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