quarta-feira, 30 de setembro de 2009

um dia

Entro na Loja, sou babaca, e não gosto de nada que vejo. Provo um vestido, me acho gorda demais, vou atrás doutro e não gosto, muito pobre. Então vejo uma vendedora com cara de coitada, é ela quem vou atazanar. Estou me sentindo mal, ela terá que me ajudar. Julgo que seus conselhos não me servem, então passo a esnoba-la, eu nunca erro.

Passado trinta minutos na Loja, sinto-me entediada não consigo achar nada a minha altura. Chamo outra vendedora, e outra, e outra. Todas parecem burras e com bafo.

Largo elas pra lá, vou me auto-atender.

Olho, olho e nada me vem a cabeça. Tudo começa a rodar, não estou me sentindo bem. Lembro-me de Rodolfo, sempre tão carinhoso, acertava-me sempre com seus presentes, cobria-me de jóias.

Me vejo rodando, sem ar, pensando em Rodolfo. Não quero passar mal, não posso, todos vão ver. Não aguento mais esconder.
Cai.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Problemas relacionados a sexo.

Estava escrito na Placa, pendurada do lado de Fora do Prédio.

Olhei.

Pensei...

..Olhei novamente, o vento balançou a placa, e antes que voltasse ao seu lugar de origem, eu já havia entrado pela porta.

Na parede um aviso.

*Favor, deixar o RG à mão.

Procurei na minha bolsa, peguei meu RG. Pela foto, já não me reconhecia, estava gorda, cheia de caroços pelo corpo, pêlos encravados nas axilas. Isso tudo, não se via pelo documento, mas eu sabia e sentia, o tamanho da diferença, ali, encontrada por mim.

Sentei e esperei..

Doze mil quinhentos e um, chamaram o meu número, muitas pessoas com problemas sexuais, acredito eu. O número era extenso, precisei concentrar boa parte da minha atenção para não perder a chamada.

Enquanto a atendente preenchia meus dados na ficha para Problemas Sexuais Nível I, pensei em diversos traumas e consequências que as pessoas levam para a vida adulta, pau curto, por exemplo, é um tabu.

Não deve existir um médico para pau curto. Talvez, se existisse uma clínica especializada, o lugar estaria vazio. Homem de pau curto, não iria atrás do problema no médico. Certamente estaria num bar, representando um canastrão, ensaiando sua macheza, se enchendo de cachaça, e batendo nas putas. As verdadeiras culpadas pela sua falta de magnitude. Sei lá. Devia existir folhetos explicativos dizendo: "Ter pau curto é normal", "Conviva bem com o seu pau", "Tamanho não indica direção".

Não sei, a sexualidade é um problema.

Peguei minha ficha preenchida, a moça do quichê 5, me chamou pelo nome, pediu para que eu assinasse um termo de responsabilidade, sem ler, ou questionar, assinei. Só queria ter meus problemas sanados, naquele dia, tudo pareceu normal. Fui para a consulta sem calcinha, não sei como será. Fui prevenida.

Me indicaram uma sala ao final do corredor, eu fui. Andei entre aquelas pessoas, imaginando, o que diabos trás esse monte de gente pra cá? Por um instante, me esqueci, eu também estava lá.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Agora, que as espinhas estouram.

Esperamos juntos, e o amor não vem, nem as gentilezas, nem a exclusividade e tudo que sobra é um lugar quente no sofá, ocupado por duas bundas estranhas com vontades diferentes de chegar num mesmo lugar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

-firmeza de caráter-

Vontade de vazar daqui, pular amarelinha, e virar o pé jogando taco com o vagabundo mór do bairro. Ficar sem os dedos do pé por distração, lamber a calçada pra sentir o gosto do piche, esticar a carcaça da vaca na minha cama, pra ver se tenho dó.
Vontade de estraçalhar o estrado da cama e dormir sobre ele, pra confirmar minha vocação para faquir, sentir o gosto da ayahuasca novamente, e morrer de tédio por não conseguir parar de espirrar.



{sou eu}

Penso que sei o que sou, logo, quando aparece a outra que não sabe o quer ser, eu não entendo mais nada.