terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os bons modos vão ao pasto.

Ela usa calcinha. Leva um caderno de poesias debaixo do braço, a escrita ameniza a situação de coadjuvante dentro da sociedade em que está inserida.

Suas asas foram cortadas ao nascer.

Mais uma mulher veio ao mundo na condição de princesa. Sua inteligencia a libertou de alguns feitos sociais. A demência coletiva não existia ali. Apesar das tentativas de sua mãe e o do mercado glorioso de brinquedos infantis.

Tendo como sua companhia um livro de Drummond, um copo de nescau e muitas perguntas ela foi ao bar.

Sentou com a solidão e ofereceu um trago de conhaque, beberam. Nunca estamos sozinhos, disse a moça. A solidão só concordava, não poderia dar pitaco.

Depois de beber três doses de conhaque tudo pareceu mais calmo.

Não conseguia conversar com imbecis, convidava a solidão pra passear. Sempre encontros frutíferos e férteis.

"A solidão é rejeitada pelos populares" - pensou ela.

Popularidade nunca foi seu forte.









sexta-feira, 2 de novembro de 2012

tão nova

Vou publicar,

assim.

Meu gosto,

no mau gosto.

Tremendo tédio,

morro.

Nascida em 84.

faz sentido

Sentada na calçada, o sol ilumina seu sorriso. Falta-lhe dois ou três dentes, mas não importa. Muita gente de sorriso completo não tem c'alma, e ela tem.

O tempo passou.

Observou os passarinhos nas poças d'água, ouviu barulhos de pratos e copos vindo das casas vizinhas, brigas, o som do mundo. Ouviu tudo, a tarde toda. Não se cansou. Esteve durante horas presa em algumas idéias irreais, que sua cabeça perturbava e insistia em fazer sua realidade.

Mas não. Mas sim. Tremenda confusão.

Meio pálida, meio feliz, meio triste, meio morna, o centro de seu universo era o meio de sua loucura. E assim seguiu boa parte da vida. Tentando a compreensão que não lhe alcançava.

Levantou-se, não sentia as pernas.

Lembrou-se do mamão que traçou no café da manhã, dores estomacais começam a lhe fervilhar o ventre, embananou-se, suadeira, medo, tensão, banheiro. E agora? Perdeu-se no desespero e pegou o veículo de massa. Dizem que é público, mas ela paga ao entrar.

Sua bunda suava. Seu cabelo desgrenhava, seu lábio secava, sua cabeça girava no meio de tanta gente. Todos falando ao mesmo tempo. Todos com grandes idéias, grandes ideais, grandezas e mais grandezas. Tristezas, fraquezas, viu de tudo. Sempre em potencial.

O ônibus chacoalhava em alta velocidade. E ninguém percebia o perigo de estar ali. Somente ela conseguiu levantar os braços, dar o sinal e descer.

Amenidades, amenidades - dizia ela. Banheiro! Era tudo de que precisava, amenidades e um bom lugar para cagar.